Janelas para a
vida
Não
perca a fé
Alejandro Bullón
Não me ocultes o rosto no dia da minha angústia; inclina-me
os ouvidos; no dia em que eu clamar, dá-Te pressa em acudir-me. Sal. 102:2.
É quase meia-noite em Talca, na parte centro-sul do Chile. O
teatro regional da cidade estava lotado. Muita gente desejosa de ouvir acerca
de Jesus está lotando ginásios, teatros e outros tipos de auditórios durante
esta semana.
Hoje, enquanto saía do teatro, alguém colocou um papelzinho
no meu bolso. No hotel, antes de dormir, li o clamor desesperado dessa pessoa.
“Não suporto mais. Às vezes, penso que a única saída seria dormir e não mais
acordar.”
O sono passou. O cansaço desapareceu. Tomei minha Bíblia e
comecei a escrever. A introdução do Salmo 102 parece o clamor da pessoa que me
entregou o bilhete. “Oração do aflito que, desfalecido, derrama o seu queixume
perante o Senhor.”
O aflito e desfalecido pode ser você ou eu. Há momento na
vida em que literalmente dá vontade de “dormir e não acordar mais”. Nessas
horas, como é bom ler este salmo. Nele, a gente vê que não está sozinho na
experiência da dor. O salmista, em muitas ocasiões, atravessou momentos de
escuridão. “Ferido como a erva, secou-se o meu coração; até me esqueço de comer
o meu pão”. Verso 4.
Quem tem vontade de comer quando o filho está na prisão?
Quem tem ânimo para sequer olhar a comida, quando o casamento está caindo aos
pedaços? Aonde vão os filhos de Deus nessas horas?
Este salmo, composto de 28 versos, é o drama de uma pessoa
que, apesar do sofrimento, não perde a fé. O salmista sabe em quem confiar. O
inimigo pode tirar tudo dele, menos sua confiança no Deus todo-poderoso. O
último verso é uma visão extraordinária do futuro, apesar do sofrimento
presente. “Os filhos dos teus servos habitarão seguros”, afirma o salmista, “e
diante de ti se estabelecerá a sua descendência.”
Por isso, hoje, não se deixe intimidar pelas sombras da
vida. Você tem um Deus que não conhece derrota. Não desanime. Não permita que a
confiança fuja. Embora seu coração gema de dor, olhe para cima e diga com as
forças que ainda lhe restam: “Não me ocultes o rosto no dia da minha angústia;
inclina-me os ouvidos; no dia em que eu clamar, dá-Te pressa em acudir-me.”
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